Amor, pesadelo e sonho. [Tony Casanova]


O rosto parecia desfigurado por causa da face inchada, resultado de uma noite mal dormida cujo choro fora a única companhia. Perdera o apetite e junto a alegria de viver. Perguntava-se porque o sol, de repente, perdera aquele brilho que sempre via durante as manhãs. Qualquer que fosse a pergunta que se fizesse, não encontraria respostas. Sua mente estava vazia de respostas e cheia de perguntas. Saiu para trabalhar, mas queria mesmo era ficar em casa, deitar e dormir sem a obrigação de acordar, só queria dormir profundamente, sem sonhos, sem pesadelos, apenas dormir.
Aquela seria uma segunda-feira cheia, tinha a esperança de que ali, no ambiente de trabalho poderia esquecer suas dores. Deu certo sim, durante o período em que envolveu-se com os colegas e executou atividades profissionais, sua vida pareceu-lhe continuar inteira, mas bastou que chegasse o final de expediente para que seu semblante mudasse. Uma amiga, destas mais íntimas e que estão sempre perto nas horas mais difíceis, aproximou-se e perguntou-lhe o que havia. Diante da pergunta ela desatou em choro. Estava muito frágil, sensível e desejava desabafar, descarregar suas mágoas e tirar toda a pressão que carregava no peito. Resolveram ir até uma sorveteria próxima, assim poderiam conversar. Seguiram abraçadas, mais parecendo irmãs que amigas.
Começou a contar a amiga como sua vida perdera o sentido após receber um telefonema do namorado Diego, dizendo-lhe que teria que viajar urgentemente devido a uma oferta de emprego que recebera. Disse-lhe que não tinha data para retornar e que o contato entre eles seria impossível por causa da área em que estaria. Contava isso a amiga esfregando as mãos suadas pelo nervosismo. Visivelmente transtornada, naquele momento ao ouvir aquela notícia deu-se conta de quanto amava Diego, de quanto ele era importante na sua vida e como a vida seria difícil sem tê-lo ao lado. Não conteve o choro. Abraçou-se à amiga e chorou copiosamente. Sem muito o que dizer Ana Alice ouvia o relato de Carina e apenas apertava seu ombro num gesto de carinho. Ambas choraram como se a dor de uma estivesse afetando a outra.
Estavam abraçadas quando aproximou-se um dos garçons da sorveteria trazendo nas mãos um ramalhete de rosas brancas e vermelhas e perguntou qual das duas era dona Carina. Ouvindo a resposta ele disse – São para a senhora. Entregou a moça o ramalhete e afastou-se da mesa antes que ela pudesse perguntar-lhe quem enviara aquelas flores. Surpresas, uma olhou para a outra sem nada entender do que se passava. Carina abriu o cartão que estava no ramalhete e leu para a amiga:
“Querida, sei que neste momento você deve estar sofrendo muito. Me sinto mal por te causar este sofrimento, mas sei que entendera os motivos da minha partida. Espero muito em breve poder retornar e explicar-lhe tudo com mais calma, no momento tudo que sei é que te amo muito e estar distante de você me faz muito mal. Quero que entenda que o que fiz foi necessário e importante para nós dois e mudará completamente as nossas vidas, pelo menos eu acredito assim, mas se você duvida de mim, olhe para trás, em direção a entrada da sorveteria e terá certeza de que tenho razão.”

As duas se viraram ao mesmo tempo e olharam para a porta onde avistaram Diego. Neste momento Carina esqueceu tudo! Correu para os braços dele e sem lhe pedir explicação alguma abraçou-o e beijou repetindo a frase eu te amo. Ana Alice não conteve as lágrimas de alegria e ao olhar em volta percebeu que a sorveteria inteira havia parado diante da cena e aplaudia o casal. Aos poucos Carina percebeu que a situação fora planejada por Diego e que o dono da sorveteria sabia de tudo, lhe convinha o fato deles serem amigos e o desfecho ter se dado ali. Cúmplice, a amiga Ana Alice soubera portar-se de acordo para não comprometer a surpresa que Diego desejava fazer a Carina.
Refeita e sem tirar a mão da cintura do namorado, Carina agora sorria. Diego então pediu que todos fizessem silêncio e olhando nos olhos dela disse:
Meu amor, ocupei os meus e os seus amigos. Te dei um susto daqueles. Menti para você apenas para poder te trazer aqui e dizer publicamente o quanto te amo e te fazer uma pergunta que há muito eu deveria ter feito: Carina, quer casar comigo?
Sim meu amor. Mil vezes sim! Eu te amo.

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